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CURIOSIDADES

Década de 1980

[editar] O pagode

Ver artigo principal: Pagode (música)
Zeca Pagodinho é um dos sambistas mais populares do Brasil.

Depois de um período de esquecimento onde as rádios eram dominadas pela Disco Music e pelo rock brasileiro, o samba consolidou sua posição no mercado fonográfico na década de 1980. Compositores urbanos da nova geração ousaram novas combinações, como o paulista Itamar Assumpção, que incorporou a batida do samba ao funk e ao reggae em seu trabalho de cunho experimental. Mas foi no início da década de 1980 que o samba reapareceu no cenário brasileiro com um novo movimento, chamado de pagode. Com características do choro e um andamento de fácil execução para os dançarinos, o pagode é basicamente dividido em duas tendências. A primeira delas é mais ligada ao partido-alto, também chamada de pagode de raiz, que conservava a linhagem sonora e fortemente influenciada por gerações passadas. A segunda tendência, considerada mais "popular", ficou conhecida como "pagode-romântico" e passou a ter grande apelo comercial na década de 1990 em diante.

Nascido no final da década anterior, por meio das rodas de samba que um grupo de cantores e compositores faziam embaixo da tamarineira da quadra do Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos, o pagode era um samba renovado, que utilizava novos instrumentos que davam uma sonoridade peculiar àquele grupo, como o banjo com braço de cavaquinho (criado por Almir Guineto) e o tantã (criado por Sereno), e uma linguagem mais popular.

Pontuado pelo banjo e pelo tantã, o pagode seria uma resposta ao ocaso do samba no início dos anos oitenta, que teria obrigado os seus seguidores a se reunirem em fundos de quintal para mostrar suas novas composições diante de uma platéia de vizinhos. Este ramal do samba, movido a partido-alto, revelaria inicialmente nomes como Almir Guineto, Jorge Aragão, Jovelina Pérola Negra e Zeca Pagodinho (o único que se firmaria ao fim da onda inicial) - além do Grupo Fundo de Quintal, que revelaria ainda a dupla Arlindo Cruz e Sombrinha. Também partideiro, da década anterior, Bezerra da Silva emplacaria seus chamados "sambandidos", canções com enredos que documentavam a guerra civil da sociedade partida.[2]

Em meio da euforia consumista do Plano Cruzado, os pagodeiros se mostraram excelentes vendedores de discos - sempre mais de 100 mil cópias por lançamento - e conquistaram seu espaço na grande mídia, de onde não saíram mais do rádio e da TV. Esse pagode, cujo auge mercadológico verificou-se exatamente em 1986, teve como mola mestra estética a ampla exposição e revalorização do partido-alto, modalidade de samba, até então de pouquíssima visibilidade. Assim, as rodas de samba de "fundos de quintal" revelaram ou confirmaram o talento de muitos bons versadores, cultores da velha arte, como a dupla que reunia o conhecido Zeca Pagodinho e o desconhecido Deni de Lima, sobrinho de Osório Lima, legendário compositor do Império Serrano.[17]

De uma curtição exclusivamente suburbana, os pagodes (tanto a festa, com suas comidas e bebidas, quanto o novo estilo) se tornaram moda também nos bairros da zona sul do Rio e em diversos localidades do Brasil. O ímpeto aos poucos diminuiu, com a consequente queda de poder aquisitivo do seu maior público consumidor – as classes menos abastadas. Mas logo, uma nova modalidade desse subgênero, bem mais comercial e desvinculada das raízes, passaria a ser conhecida como pagode

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